Uma leitura dialógica da verbo-visualidade dos signos “Nordeste” e “popular” no fascículo “João do Vale”, na Coleção Nova História da Música Popular Brasileira (1977)

In the 1960s and 1970s in particular, from the confrontation between a diversity of social voices and a horizon of shared values in the musical sphere, the work of Maranhão singer and composer João do Vale (1934-1996) was consolidated as one of the expressions of "Northeast" and "popular" in Brazilian music. Taking the Dialogical Discourse Analysis, as a theoretical-methodological reference this work aims to make a verbal-visual reading on the production of the senses of the ideological signs "Northeast" and "popular", through the analysis of the fascicle João do Vale, Nova História da Música Popular Brasileira (1977). Mobilizing, in particular, the Bakhtin categories heteroglossia, social horizon of values, axiological positioning and exotopia, this reading turns to the analysis of the effects of meaning produced, in that socio-historical-ideological conjuncture, from the articulation between the visual dimension and linguistic-discursive resources. Finally, it can be emphasized, from the material under analysis, that there is a heterogeneous construction of the senses of "Northeast" and "popular": the "Northeast" is a source of the "popular", provided that it this "popular" is understood "as not only a place of misery or "naive" man's origin, but as a space of transformation. Thus, the "voice of Sertão" is also "voice of resistance".Em especial nas décadas de 1960 e 1970, a partir do confronto entre uma diversidade de vozes sociais e de um horizonte de valores compartilhados na esfera musical, a obra do cantor e compositor maranhense João do Vale (1934-1996) se consolidou como uma das expressões do “Nordeste” e do “popular” na música brasileira. Tomando como referencial teórico-metodológico a Análise Dialógica do Discurso, este trabalho objetiva fazer uma leitura verbo-visual sobre a produção dos sentidos dos signos ideológicos “Nordeste” e “popular”, por meio da análise do fascículo João do Vale, da Coleção Nova História da Música Popular Brasileira (1977). Mobilizando, em especial, as categorias bakhtinianas heterodiscurso, horizonte social de valores, posicionamento axiológico e exotopia, esta leitura volta-se para a análise dos efeitos de sentido produzidos, naquela conjuntura sócio-histórico-ideológica, a partir da articulação entre a dimensão visual e os recursos linguístico-discursivos. Por fim, pode-se ressaltar, a partir do material em análise, que há uma construção heterogênea dos sentidos de “Nordeste” e “popular”: o “Nordeste” é uma fonte do “popular”, desde que se entenda esse “popular” não apenas como lugar de miséria ou do homem “ingênuo”, mas como espaço de transformação. Assim, a “voz do sertão” é também “voz de resistência”